Eu admito que perdi muitas batalhas desde que me emancipei. A maior parte ultrapassei-as com algum encolher de ombros, outras com o condescendente ‘a minha mãe é que tinha razão’, outras com alguma lágrima e drama. (Sim, sou uma mulher, so what?!).
Há uma que aparentemente não tem nada de dramático mas a mim está-me atravessada como uma gigante espinha… nos meus sentidos. O olfato é dos sentidos que mais me enche de memórias. Então a milhares de quilómetros de casa… Pufff… Se isto são desejos como será quando ‘emprenhar’?!
Bom, mas alguém me explica porque é que quando saímos de casa da mãe a nossa roupa (nunca, jamais, talvez mas não será a mesma coisa) nunca mais cheira verdadeiramente a lavado??? Eu já troquei o detergente, o amaciador, ora é o Robjin, a Fada do Lar. Nada! A roupa sai da máquina a cheirar a lavado, mantém-se por meia-hora e ainda inunda a casa de cheirinho. Passado um dia cheira a… roupa. Passados dois já só cheira a corpo. E isto é particularmente grave quando és conhecida por ser uma pessoa cuja roupa cheira sempre a lavado. Agora cheiro só a pessoa. E nem sequer a mim. Bom tema para dissertar, né?!
Mas há várias coisas que o podem explicar:
- Os detergentes e amaciadores não são suficientemente bons. Na verdade, a oferta nos hipermercados da Holanda é particularmente pequena se compararmos com as prateleiras das bolachas, das gomas ou dos tipos de leite. É verdade que os holandeses não são… como dizer… particularmente minuciosos com a limpeza. Por pouca minúcia, entenda-se, ir trabalhar com nódoas de ranho ou papa de bebé nas camisolas, tshirts amarrotadas ou camisas que de ferro têm muito pouco ou nada.
Concluio, portanto, que detergentes e amaciadores não são uma prioridade para a sociedade holandesa, no geral, nem para o próprio mercado dos produtos de higiene e limpeza, tal é o cheiro dos sovacos quando saio à noite. É assim, eles são bastante descontraídos e eu prossigo com o meu drama.
- A água é extremamente calcária e pouco cristalina. Pesada! Se pesa no estômago, imagino na roupa, tadita.
- Não há explicação! O cheiro a lavado não mais será o mesmo. A casa da mãe é que era e lavar a roupa vai continuar a ser uma merda de um ato, em que ficas a cheirar a pessoa holandesa. Aliás, pouco cheiro, muito odor.
Eu renuncio à terceira e, já que não posso fazer nada contra as outras duas, tentarei incessantemente a minha luta e, pelo meio, valha-me o aroma do meu parfum. Skip, fazes-me falta…
(PS: Se quiserem deixar sugestões não vale, ’experimenta colocar mais detergente ou amaciador’ ou ‘manda vir de Portugal’. Ah, e Skip e Soflan simplesmente não existem nos supermercados das Netherlands.)
Os homens são mais racionais? 'PASH!!!' (se não conhecem esta expressão quer dizer 'ganda tanga'). Nós sim, bastam apenas duas ou três palavras para pararmos de lhes picar os miolos. Há algo mais racional e direto do que isto? "Amo-te", "vai correr tudo bem", ou simplesmente "é uma fase difícil mas vamos conseguir". Gajos, tentem! Isto é aquilo a que eu chamo os pozinhos, as mezinhas, as poções mágicas das relações. As pequenas palavras que NUNCA lhes saem no momento certo. E só saem porque nós (TRISTEMENTE) lhes damos o toque. Raios! Eu não percebo isto neles. Alguém?
Há homens que tratam as palavras com pinças. É tipo: quando temos os trunfos na sueca e não os queremos gastar. (Por outro lado também existem gajas como eu que são irmãs GÉMEAS da impulsividade. Mas isso agora não é para aqui chamado.) Onde está a racionalidade disso? Humm… anda aí um pouquinho de cobardia a fazer o movimento de rotação... Aliás, eu chamo-lhe desde ontem (em que parei o meu domingo para refletir nisto) a DUALIDADE COBÁRDICA, que é mais ou menos isto: "por um lado eu quero-te mas, por outro, não te posso dizer isto muitas vezes senão ficas muito convencida. E, na realidade, não te digo nenhuma delas."
Dito isto, está tudo bem. Escusam de me ligar, somos só nós (gajas) a constatar coisas da vida aos 28. É normal e é saudável. É dramático? É. Mas hoje já passou. Tentem que eles mudem e depois digam-me algo sobre isso. Eu prometo que escrevo nova crónica a refutar tudo o que eu própria disse. Ou, se já têm homens que não sofram de DUALIDADE COBÁRDICA eh pá… agarrem-nos bem, mas não se esqueçam NUNCA que eles podem sofrer sempre de outros males. Ou dualidades.
Quanto a ele… que venha! DUALMENTE COBÁRDICO, mas com a barba por fazer. Oh céus, Catarina!
(PS: Eu não sou turista. É importante perceber que sou uma rapariga emancipada que vive entre Porto e Roterdão, e que faz viagens regulares há mais de um ano.)
Num dos domingos em que voltei para a Holanda, enquanto me preparava para sair dessa verdadeira rede de autocarros aéreos (o meu muito obrigada à Ryanair!) veio-me à cabeça uma questão: "Ufa, mais uma viagem em que chego ao destino". Também foi, mas não é sobre essa questão agoirenta que quero refletir. Enquanto procurava na carteira os meus óculos de sol de 10 euros mas que parecem de 1000, dei por mim a pensar porque será que saímos sempre do avião de com os ditos postos? Vá, admitam… Em grande! Faça chuva, sol, neve, granizo… chovam calhaus!
O meu ego vem literalmente do alto e a descarga de adrenalina é tanta que saio com aquela sensação de poder e ‘eu parto isto tudo’. Eu sinto-me como se fosse sair do avião e alguém estivesse lá em baixo (eu cá em cima) à espera do aceno real. "Eu aguentei mais uma vez, tenho o estômago a contorcer-se, as mãos a suar, as pernas tão trémulas que quando me levanto tenho a sensação de que vou tombar e as minhas tensões estão a 30. Raios me partam se não saio deste boeing composta".
E é aqui que eu me sinto uma mulher de valor, em que realmente vale a pena apostar. Uma mulher que contraria absurdamente os seus medos e anseios, que viaja sozinha sem um braço amigo para beliscar ou rezar em conjunto. É insano o meu pavor mas eu vou sempre. Porque a saudade também é insana e eu prefiro a insanidade do medo a essa insanidade que é a saudade de felicidade. Desci degrau a degrau, não fossem as plataformas traírem-me e acabava-se a visão de rainha. (Uma perna para cada lado, óculos para o outro… não!) Desci as escadas da vaidade até ao terminal das bagagens confiante e segura, até porque o nariz já é empinado. E a minha bagagem foi a primeiríssima do tapete (lá está, rainha!).
O problema foi tirar 17,5 kg de mala com mochila às costas, carteirinha de madame e plataformas elevadas. (Sim, não é aconselhado viajar de sapatilhas: 1) não é cool porque não vai haver nenhuma aula de fitness dentro do avião apesar de às vezes os hospedeiros e hospedeiras tentarem; 2) Nunca irás fazer uma saída com elegância extrema mesmo que tenhas os óculos de sol mais classy do mundo;). Dito isto, as calças verde menta já estavam cheias de nódoas e às tantas dei por mim a desistir de tanta leveza e classicidade.
Desmontei-me ali mesmo, no terminal. Casaco na cintura, suor a escorrer pela testa, calças imundas, mochila nas costas já em pose corcunda e aquele bufar para todos os lados. Os óculos continuam nos olhos, porque o que os olhos não vêm como o orgulho engana e como o pavor sim, é INSANO!
Anda aqui uma gaja com o rabo todo rebentado por causa de um torcicolo (sim, foram verdadeiros torpedos a entrar nas minhas... NÁDEGAS, não confundam) e estas miúdas querem ter os ossos fininhos fininhos para provarem que são magras?
Deixem-se mas é de vaidades e experimentem este novo desafio que vos lanço: ponham 'makis' em vez de moedas e tentem alcançá-los com a boca. Que tal 'hein'? Ai deram mau jeito ao pescoço? Temos pena, é o preço de ser bela!
Mais sobre o desafio que está a pôr as chinesas ao rubro.
Catarina, Catarina… Sempre tive uma boa relação com espelhos, mas isso era até hoje. E dou já o conselho se não quiserem ler até ao fim: que os homens e as mulheres sejam os vossos barómetros. Nunca os espelhos! Porque vos pode sair caro. Perdão, um torcicolo.
Vou-vos contar uma história. Hoje, num normal início de manhã estava a acabar de me vestir e a dar o plim final do espelho. Chamem-me fútil, eu considero-me uma lady. Toque frontal, ok, lateral ok, agora o bumbum. E bam! É aí que o meu pescoço estala. Como se tivesse pisado um caracol. Se doeu? ‘Cum’ó caraças’? F******! Mas como vaidade não dá espaço a lamentos, siga para o batom vermelho e nutrir o corpo. Cinco minutos depois dou uma segunda tentativa. "Isto foi um só um jeito momentâneo e já vai ao sítio!". Não foi. Piorou, aliás. Até ficar com pescoço de lado e cara de nojo.
O que é que eu fiz? Meti-me no carro e conduzi em direção ao fisioterapeuta. Enquanto percorria a estrada ainda tive tempo para delírios verdadeiramente assoberbantes (se isto é o crânio partido, hematoma cerebral, 'oh meu deus!'). E não sem antes passar pelo espelho do prédio mais próximo e reforçar o batom vermelho. Juro que é verdade e não tenho vergonha disso. Faz parte… disfarçar as nossas fraquezas. E aqui começa o filme de terror. Mal me deitei na maca o meu pescoço caiu na mão do fisioterapeuta. Foi dramático. Tão dramático que se me voltar a acontecer algo do género JURO que nunca mais sigo a máxima "Deixa que a Natureza cure por ela própria". Como o descrever? Quando queremos matar uma barata mas falhamos e ela fica a dar às patinhas de barriga para o ar. Era eu sim mas com lágrimas, suor e batom nas bochechas.
E quando sabes que alguém te vai pregar uma partida mas ficas com receio na mesma? Era ele a tentar esta técnica com o meu pescoço. "Relaxe” e… bam!" Ele bem que tentava endireitá-lo. E eu só recusei à terceira. Sim, resisti a dois esticões. Até que ele desistiu de mim. Talvez por vergonha, porque lhe esvaziei o consultório. Não havia nada a fazer senão um cocktail bombástico via seringa.
E assim fui… torta e de táxi à farmácia. Detox anti-dor, perna adormecida e o início de um ataque de pânico. E agora cá estou na melhor posição que poderia dar ao meu pescoço: laptop em cima das pernas e a escrever coisas. Não tão de ‘ladeiro’, de coleira cervical, mas de plataformas e batom vermelho. Eu não disse? Há coisas que nunca mudam.
Há quase um ano (ainda que intermitente) em Roterdão já me habituei a quase tudo. Aos broodjes, ao vento que me corta a cara como um x-ato, ao cheiro constante a fritos na rua, a jantar cedo, a dizer “dank u wel”, a nunca conseguir perceber “quer o recibo?” em holandês (eles dizem-no sempre de maneira diferente e não, não se consegue memorizar aquele som) até a sentir que eles sentem que não sou holandesa quando sorriem com amizade do alto (por vezes arrogante) dos seus um metro e muitos. Ou quando nos abordam nos bares para saber se gostamos do hino da cidade (que cantam com afinco e voz grossa). Quase toda a gente fala inglês o que o torna num admirável mundo novo.
O que ainda me custa suportar é o tempo cinzento. O sol não brilha como no Porto. O céu (GOD!) a milhas de ser azul. Quente? Só de vez em quando. E quando está é vê-las ‘hot’, todas descascadas no lago de cabelos loiros e ondulantes no seu estilo ‘lazy cool’.
Os ‘dutch’ são, regra geral, um povo respeitador de regras. Não os vejo a passar muitos vermelhos, não ultrapassam os limites de velocidade, ainda não os apanhei a falar ao telemóvel enquanto conduzem (embora passem muito tempo no trânsito), pagam as contas a tempo e horas e são religiosos praticantes de exercício físico. São ótimos anfitriões. ‘Act normal’. Não abanam o bumbum enquanto dançam (e se o fizeres 1. dizem logo que és ‘hot latina’, 2. acham que és um ser estranho e apontam o dedo) e, regra geral, não falam alto em multidões. No Metro só se ouve português (eu, claro, e falo sempre alto). Enfim, há coisas que nunca mudam!
Os dotes culinários ficam muuuuuuuuito mal na fotografia. Um povo que tem nas broodjes a comida nacional… está-se mesmo a ver como um português se sente na Holanda. Mas calma, eles têm muito orgulho na sua batata e os seus queijos são ‘the ultimate’. Os doces têm dias. E podemos fazer verdadeiros banquetes em casa sempre que vamos ao mercado. Como dizem os Mind Da Gap, ‘até ficas parvo’ com tanta abundância gastronómica.
Mas os holandeses têm um grande problema: não respeitam as filas. Infiltram-se, mesmo à tua frente e a assobiar para o lado. Ouch! É vê-los no supermercado, na farmácia, nas lojas, nos bares e cafés. Sorrateiros, enquanto pisam o risco. O que poderia ser um indício de que são um povo apressado ‘né’? Mas não. Viver na Holanda é viver sem stress. Esqueçam o ioga, a meditação ou qualquer técnica de relaxamento em que têm de fazer o pino e respirar 20 vezes intensamente.
Na Holanda o tempo é como se fosse uma outra variável onde o relógio se torna de repente o melhor dos teus amigos. Os dias rendem, sobretudo no horário de verão. Ninguém anda apressado, sais cedo do trabalho, dás uma corrida no parque, jantas e ainda sobra tempo antes de dormir. Para quem não está habituado, às vezes torna-se too much. Tudo está perto, o supermercado, a creche, a escola, a lavandaria…. E tudo isto posso fazê-lo romanticamente enquanto pedalo numa bicicleta com um cesto à frente. SORRYYY! É estupidamente fácil viver nas ‘Netherlands’. E eu já estou cheia de saudades.
Parece quase suicida o que às vezes fazemos com nós próprios. Amarramo-nos a coisas, atamos nós que não conseguimos desatar e, pior que isso, mesmo que os desatemos, a marca fica lá a apontar para o sítio onde já tivemos um nó.
Toda a gente tem, pelo menos, um nó tal como toda a gente tem uma pedra no sapato. É tão natural como cresceres. Quando somos pequenos e invencíveis (a invencível adolescência!) não existem nós. Olhamos em frente, o céu é o limite, tropeçamos nas pedras e fazemos feridas. Mas dos nós nada. São só adereços cool na roupa, nas sapatilhas ou nos tererés.
Quando cresces começas a amarrar-te a sério. A alguém, a um sítio, a um objeto, a uma profissão, a uma banda, a um modo de vida. E é aí que começas a olhar para trás, para a frente, espreitas lá atrás outra vez, dás uma curva e entretanto ele está lá a sorrir-te maleficamente na primeira paragem. Ele está lá e não te larga!
O nó não é um obstáculo que contornas. Não o podes ignorar. Tens mesmo que o desatar (ou não!) porque ele não te deixa andar. É como aquele nó no cordão da sapatilha que não te deixa enfiar o cordão no último buraco, portanto azar não consegues andar com a sapatilha a menos que compres uns cordões novos. Ou desates o nó com as tuas próprias unhas. A bem ou a mal. Desculpa, mas a mim ninguém me disse que a vida era fácil.
Vais ser tanto mais forte quanto mais nós desatares (ou não!) e conseguires viver com isso. Vais ficar com fortes dores no dedo devido à força que fazes para o desatar. E quando parece que desta é que é, ele volta a atar no momento final. Não desistas! Vais superar-te, ter orgulho naquilo que fizeste mas, inevitavelmente, vais olhar para trás porque ele é uma junção do passado, do presente e do futuro.
Que assim seja. Desata um de cada vez e respira fundo. Se tiveres de comprar uns cordões novos também não há problema. Só não deixes acumular os nós porque, mais tarde, vai ser difícil desatá-los todos de uma vez. Oh… como é difícil desatar nós!
Isto é tão absurdo que não consegui guardar só para mim mais de cinco minutos. Uma das minhas melhores amigas foi hoje a uma entrevista de emprego. Pediam um(a) jornalista para um suplemento de um jornal generalista que realizasse publirreportagens. Ok, não vamos discutir a ética da coisa até porque qual é o jornalista que consegue ser 100% fiel à sua ética hoje?! Sejamos práticos.
Adiante… a entrevista estava a correr muito bem, a V estava muito feliz com a proposta, contrato, despesas pagas pela empresa quando… o empregador se refere ao ordenado. "Ora portanto, em relação à remuneração pagamos o ordenado base de um jornalista que são 500 euros". Portanto, alguém que vai fazer deslocações a empresas no seu próprio carro (ao menos o gasóleo é pago pelo empregador), entrevistar pessoas, tirar fotos, editar textos e fotos, paginar, e, com jeito faz uns presses e gere redes sociais. Ah.. e também tira cafés e fotocópias! Sim, alguém proferiu esta frase tranquilamente a uma pessoa que aspira apenas a ter mais dinheiro na conta ao final do mês para pagar as despesas da casa. Como é que é? Como é que alguém diz isto sem se rir dele próprio? Treina-se no espelho?
Claro que a V não vai aceitar, até porque ganha atualmente um pouco mais. Será que fomos nós, jovens que só querem trabalhar e ter uma vida melhor (falo por mim e pelas minhas amigas) os responsáveis por este baixar de cabeça, o rabo entre as pernas, "o que tem de ser tem muita força", e "é melhor ganhar 500 que ganhar nenhum"?
Nunca me hei-de esquecer algo que um professor de faculdade que muito estimo me disse assim que acabei o curso. "Sejam humildes, mas não aceitem tudo, não se verguem demasiado, porque vamos dar razões para que nos tratem cada vez pior". Seis anos volvidos após esta afirmação… somos números na folha de Excel, percentagens de produtividade, tabelas salariais, e sei lá mais o quê e só me apetece dizer palavrões.
Eu resignei-me por momentos quando ouvi esta história. Sou um número. E vocês, que estão a ler, provavelmente também. O ideal seria que ninguém respondesse aos anúncios de emprego desta envergadura, três meses à experiência sem remuneração, salários base de 500 euros, material de tudo e mais alguma coisa e sobretudo muita vontade de trabalhar num estágio remunerado onde só se paga subsídio de alimentação e outras ajuditas de custo.
Não tenham medo de boicotar essas ofertas porque os nossos pais vão estar lá sempre para nós, até para pagar os nossos funerais. Não queiram ser miseráveis, não tornem o próximo jornalista miserável ao aceitar uma proposta destas. Sejamos corajosos e saibamos dizer não quando tivermos a plena consciência de que estamos a aceitar uma profunda injustiça.
Se um dia eu for a próxima V numa cadeira de escritório à frente de alguém que me diga algo do género, não me chame eu Catarina Osório se não saio sem deixar recado. Façam o mesmo e saiam de cabeça erguida. Há sempre espaço para mais um prato em casa dos pais.
Ontem à noite, o Conselho Nacional do PSD reuniu-se em Lisboa. Leia a ata da reunião:
No condomínio situado no extremo mais ocidental da Europa, as coisas não começaram nada bem. A reunião de ontem à noite foi acesa mas muito esclarecedora. O presidente da Assembleia de Condóminos, o Passos, começou por dizer que, em princípio "está tudo a correr bem" no condomínio, tirando uma ou outra falha. Depois numa breve referência às limpezas do dia 29 de setembro o Passos responsabilizou o Menezes de não ter tirado como devia ser as teias de aranha da entrada do 8º esquerdo frente.
Nisto, o Aguiar Branco insurge-se e diz que a culpa é do Rio e do Rangel que se demarcaram das limpezas do 5º esquerdo frente e não ajudaram o Menezes na limpeza do hall do seu novo apartamento. Como se não bastasse, Pinto Balsemão, que também queria ver sangue, junta-se à discussão e acabaram os três por acusar os condóminos mais antigos de não zelar pelo condomínio. Mas o Rangel, a quem serviu a carapuça, não se deixou ficar e avisou que não vai nestas presidências à moda soviética e portanto, como não estava de acordo com a utilização daquele detergente, acabou por desrespeitar o regulamento.
O ambiente aqueceu na sala, o Passos teve de acalmar os ânimos e ordenou ao Marco António que fosse prestar esclarecimentos aos condóminos mais confusos e curiosos. Mas a reunião não ficou por aqui! Entretanto a Paula do 3º direito traseiras acusou os condóminos-mor de fazerem uma "caça às bruxas" e de andarem de lupa a ver se está tudo limpo. O Passos disse logo que não havia bruxas no condomínio mas a Paula não se deixou ficar: "ai, há há!".
Para terminar, o presidente quis esclarecer que não era como o anterior, o Sócrates, que estava sempre a dizer que estava tudo bem e afinal não estava porque andavam sempre a desaparecer coisas. Com Passos não é assim, os condóminos podem sentir-se mais seguros! Em princípio, "está tudo a correr bem" e o sistema de alarme funciona na perfeição. Por último, e quanto aos rumores do prédio poder ser vendido pela segunda vez... o presidente até se riu no final da reunião. Ufa! Estamos salvos e esclarecidos!
Agora este:
Passos responsabiliza Menezes pela derrota do PSD em Gaia