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Tudo a Meias

Histórias que chegam ao telhado. Agora também nas 'Netherlands'.

Skip, fazes-me falta…

por tudoameias, em 22.11.15

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Eu admito que perdi muitas batalhas desde que me emancipei. A maior parte ultrapassei-as com algum encolher de ombros, outras com o condescendente ‘a minha mãe é que tinha razão’, outras com alguma lágrima e drama. (Sim, sou uma mulher, so what?!).

 

Há uma que aparentemente não tem nada de dramático mas a mim está-me atravessada como uma gigante espinha… nos meus sentidos. O olfato é dos sentidos que mais me enche de memórias. Então a milhares de quilómetros de casa… Pufff… Se isto são desejos como será quando ‘emprenhar’?!

 

Bom, mas alguém me explica porque é que quando saímos de casa da mãe a nossa roupa (nunca, jamais, talvez mas não será a mesma coisa) nunca mais cheira verdadeiramente a lavado??? Eu já troquei o detergente, o amaciador, ora é o Robjin, a Fada do Lar. Nada! A roupa sai da máquina a cheirar a lavado, mantém-se por meia-hora e ainda inunda a casa de cheirinho. Passado um dia cheira a… roupa. Passados dois já só cheira a corpo. E isto é particularmente grave quando és conhecida por ser uma pessoa cuja roupa cheira sempre a lavado. Agora cheiro só a pessoa. E nem sequer a mim. Bom tema para dissertar, né?!

 

Mas há várias coisas que o podem explicar:

 

- Os detergentes e amaciadores não são suficientemente bons. Na verdade, a oferta nos hipermercados da Holanda é particularmente pequena se compararmos com as prateleiras das bolachas, das gomas ou dos tipos de leite. É verdade que os holandeses não são… como dizer… particularmente minuciosos com a limpeza. Por pouca minúcia, entenda-se, ir trabalhar com nódoas de ranho ou papa de bebé nas camisolas, tshirts amarrotadas ou camisas que de ferro têm muito pouco ou nada.

 

Concluio, portanto, que detergentes e amaciadores não são uma prioridade para a sociedade holandesa, no geral, nem para o próprio mercado dos produtos de higiene e limpeza, tal é o cheiro dos sovacos quando saio à noite. É assim, eles são bastante descontraídos e eu prossigo com o meu drama.

 

- A água é extremamente calcária e pouco cristalina. Pesada! Se pesa no estômago, imagino na roupa, tadita.

 

- Não há explicação! O cheiro a lavado não mais será o mesmo. A casa da mãe é que era e lavar a roupa vai continuar a ser uma merda de um ato, em que ficas a cheirar a pessoa holandesa. Aliás, pouco cheiro, muito odor.

 

Eu renuncio à terceira e, já que não posso fazer nada contra as outras duas, tentarei incessantemente a minha luta e, pelo meio, valha-me o aroma do meu parfum. Skip, fazes-me falta…  

 

(PS: Se quiserem deixar sugestões não vale, ’experimenta colocar mais detergente ou amaciador’ ou ‘manda vir de Portugal’. Ah, e Skip e Soflan simplesmente não existem nos supermercados das Netherlands.)

 

Obrigada

 

Tudo a Meias  

 

Foto: Felipe Horst/FreeImages

O pecado da vaidade não é um mito. É um torcicolo

por tudoameias, em 19.06.15

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Catarina, Catarina… Sempre tive uma boa relação com espelhos, mas isso era até hoje. E dou já o conselho se não quiserem ler até ao fim: que os homens e as mulheres sejam os vossos barómetros. Nunca os espelhos! Porque vos pode sair caro. Perdão, um torcicolo.

 

Vou-vos contar uma história. Hoje, num normal início de manhã estava a acabar de me vestir e a dar o plim final do espelho. Chamem-me fútil, eu considero-me uma lady. Toque frontal, ok, lateral ok, agora o bumbum. E bam! É aí que o meu pescoço estala. Como se tivesse pisado um caracol. Se doeu? ‘Cum’ó caraças’? F******! Mas como vaidade não dá espaço a lamentos, siga para o batom vermelho e nutrir o corpo. Cinco minutos depois dou uma segunda tentativa. "Isto foi um só um jeito momentâneo e já vai ao sítio!". Não foi. Piorou, aliás. Até ficar com pescoço de lado e cara de nojo.

 

O que é que eu fiz? Meti-me no carro e conduzi em direção ao fisioterapeuta. Enquanto percorria a estrada ainda tive tempo para delírios verdadeiramente assoberbantes (se isto é o crânio partido, hematoma cerebral, 'oh meu deus!'). E não sem antes passar pelo espelho do prédio mais próximo e reforçar o batom vermelho. Juro que é verdade e não tenho vergonha disso. Faz parte… disfarçar as nossas fraquezas. E aqui começa o filme de terror. Mal me deitei na maca o meu pescoço caiu na mão do fisioterapeuta. Foi dramático. Tão dramático que se me voltar a acontecer algo do género JURO que nunca mais sigo a máxima "Deixa que a Natureza cure por ela própria". Como o descrever? Quando queremos matar uma barata mas falhamos e ela fica a dar às patinhas de barriga para o ar. Era eu sim mas com lágrimas, suor e batom nas bochechas.

 

E quando sabes que alguém te vai pregar uma partida mas ficas com receio na mesma? Era ele a tentar esta técnica com o meu pescoço. "Relaxe” e… bam!" Ele bem que tentava endireitá-lo. E eu só recusei à terceira. Sim, resisti a dois esticões. Até que ele desistiu de mim. Talvez por vergonha, porque lhe esvaziei o consultório. Não havia nada a fazer senão um cocktail bombástico via seringa.

 

E assim fui… torta e de táxi à farmácia. Detox anti-dor, perna adormecida e o início de um ataque de pânico. E agora cá estou na melhor posição que poderia dar ao meu pescoço: laptop em cima das pernas e a escrever coisas. Não tão de ‘ladeiro’, de coleira cervical, mas de plataformas e batom vermelho. Eu não disse? Há coisas que nunca mudam.

 

PS: Esta girafa existe mesmo e partiu o pescoço. Eu já estive mais longe disso.